28.4.09

«Do Ensaio Político»

«Não sou dado a elogios fáceis. Todavia, considero o Henrique Raposo um dos mais talentosos ensaístas políticos da sua geração, aquela que veio depois da queda do famoso "fascismo" cujo contrário - o "anti-fascismo" - tantas péssimas cabeças e tanto escriba oportunista e nulo produziu. Ele é um liberal e, seguramente, em algumas coisas o meu céptico liberalismo coincidirá com o dele. Noutras, decididamente não, dada a minha propensão dita mais "maurassiana" (não fui eu que inventei isto, pois não Constança Cunha e Sá?). Lerei certamente com prazer o livro da foto, já nas bancas. Espero que ele mo ofereça no Descubra as Diferenças onde estaremos juntos esta semana.»
João Gonçalves
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27.4.09

III Desafio aos Escritores

O III Desafio aos Escritores, do Núcleo de Literatura do Espaço Cultural da Câmara dos Deputados, oferece 30 vagas a cronistas.
Qualquer autor pode concorrer, independentemente da nacionalidade, desde que participe com textos em língua portuguesa. As inscrições estarão abertas de 23 a 30 de Abril.

Brasília – O Núcleo de Literatura do Espaço Cultural da Câmara dos Deputados oferece 30 vagas para cronistas que aceitem o desafio de produzir um texto em crônica por semana a ser entregue, impreterivelmente, até às 23h59 minutos das terças-feiras, sempre a partir de tema proposto nas quintas-feiras anteriores.
Na primeira semana, o júri dará nota aos primeiros trabalhos; na segunda semana, essa nota será somada aos novos trabalhos e de 2 a 4 concorrentes (dependendo do número de inscrições) serão eliminados. Daí por diante, a cada semana, 4, 3 ou 2 concorrentes serão eliminados, até que restem apenas 3 concorrentes, que se enfrentarão em uma final de duas etapas.
A cada semana, o escritor poderá atender ao desafio necessariamente no gênero crônica, sendo considerado nulo o trabalho apresentado em outra gênero, mas, em razão da nem sempre exata fronteira que se observa algumas vezes entre crônica e conto, caberá ao júri decidir sobre a validade de cada trabalho, sendo sua decisão irrecorrível.
Todos os trabalhos serão, oportunamente, publicados em livro com edição virtual (e quase certamente também impressa) em site próprio do concurso, já aberto no UOL, com o nome Literatura de Câmara, já aberto à visitação pela internet, onde se podem ler todos os trabalhos e críticas do júri dos desafios anteriores.
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«A Caipirinha de Aron»

Compreende-se, caro leitor, que o regime português lhe dê sono. Faça isto: aqueça o motor com esta selecção de crónicas de Henrique Raposo, veja Portugal, um Retrato Social, de António Barreto, e se ainda se sentir com forças remate ao ângulo com O Dever da Verdade, do inefável Medina Carreira. Uma tarde basta e ficará mais desperto do que se bebesse Red Bull nos intervalos de uma sessão de waterboarding.
Na verdade, os dois livros e o documentário complementam-se: Raposo aponta para as raízes do fracasso da III República, radicadas na Constituição em vigor; Barreto fotocopia a sociedade fragmentada; e Medina Carreira arrasa o leitor com os números da desgraça colectiva. Apesar de os medicamentos receitados pelos três serem distintos, os autores diagnosticam o mesmo: uma maleita grave, terminal.
Alguém disse há tempos que a culpa do estado a que Portugal chegou está... nos portugueses. Será assim, em parte, num país de «gajos porreiros» onde violações crassas do Estado de Direito não merecem o tratamento noticioso e a indignação pública que seriam expectáveis. Pior: a pouca indignação é pessoalista, esquece as falhas constitucionais em que se baseia a corrupção do sistema.
Mas o regime encontra-se encalhado, dependente das decisões das elites. Ora estas, que polvilham os restantes órgãos de soberania e outros (Tribunal Constitucional, Tribunal de Contas, Autoridade da Concorrência, ERC, etc.), têm tudo menos interesse em amputar-se e refundar a ordem constitucional, para seu inevitável prejuízo. E assim o polvo continua a engordar.
Dominados pelas corporações, os sectores governativos da educação, da Justiça e da segurança, sobretudo, dificilmente são reformados porque há «direitos adquiridos» invioláveis (alguém espera de um governante que encurte as regalias a cerca de 40 por cento dos seus potenciais eleitores?). Se seria masoquista encetar mudanças profundas na esfera pública, resta entreter o povo violando a esfera privada.
E enquanto estamos inebriados neste doce limbo, com produtividade latino-americana e consumo europeu, nada melhor do que discutir a importância de Obama para o futuro nacional, bem como o seu carinho especial pela Europa. É para rir, claro, ver um Presidente que por cá seria dado como de direita ser tão aplaudido pela esquerda anti-capitalista. A mesma esquerda que, tão ciosa da igualdade e tão crítica da «exploração capitalista», não reconhece que é a economia de mercado a base da melhoria de vida asiática. «O capitalismo manda beijinhos de Pequim e Nova Deli», escreve Raposo, algures nas duas horas em que se traga a caipirinha que nos serve.

Rui Passos Rocha

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22.4.09

Vai uma CAIPIRINHA na 6ª feira?


É já esta sexta-feira que o livro de Henrique Raposo vai cair nas livrarias.
O dia da semana ideal para partilharmos uma caipirinha... por apenas 15,90€
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20.4.09

«Salazar II»


No livro recém-publicado Salazar, o maçon, de Costa Pimenta, afirma o autor que o antigo presidente do Conselho de Ministros teria pertencido à Ordem Maçónica. Para isso se baseia numa série de premissas de que retira conclusões tidas como irrefutáveis.Muito se tem escrito nos últimos anos sobre Salazar, desde a biografia que lhe consagrou Franco Nogueira até a obras de veracidade discutível, algumas fruto de imaginações delirantes. Não se esperava, porém, que alguém viesse sustentar que Salazar fora maçon. Embora sempre rodeado de maçons, como o Marechal Carmona ou o conselheiro Albino dos Reis, para citar apenas um presidente da República e um presidente da Assembleia Nacional, a política de Salazar sempre pareceu contrária à Maçonaria, nomeadamente a partir da célebre lei das Associações Secretas, de 1935, cujo projecto se deveu ao deputado José Cabral.O livro de Costa Pimenta é, antes de tudo, um manual de introdução à Maçonaria (à Maçonaria Simbólica e à Maçonaria dos Altos Graus), transcrevendo largas passagens dos rituais adoptados em Portugal ou no estrangeiro, e acrescentando em apêndice o "Cobridor Geral dos XXXIII Graus". De todas estas transcrições e de algumas afirmações de Salazar extrai Costa Pimenta a conclusão de que Salazar era Maçon. Mais escreve o autor, na Conclusão da obra: "Por outro lado, se Salazar era maçon, então os seus escritos dizem muito mais do que aparentam dizer. Na verdade, os maçons escrevem da seguinte maneira: [C]om um «positivo» de leitura directa e acessível aos profanos e um «negativo», apenas decifrável por um restrito universo de iniciados. Por conseguinte, os escritos de Salazar serão uma mina de informações, embora só ao alcance de um número restrito de pessoas. Realmente, usando o idioma maçónico, Salazar diz, por exemplo, de Portugal, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e do Cardeal Cerejeira coisas verdadeiramente surpreendentes." É pena que Costa Pimenta nada nos diga sobre essas coisas, que ele provavelmente sabe, já que tão bem utiliza a linguagem maçónica na sua obra. A menos que reserve tão extraordinárias revelações para um próximo livro. Anunciado como "um documento histórico único", apresentando "factos inéditos" e revelando "todas as provas ocultas", o livro apenas demonstra o elevado grau de conhecimentos maçónicos do seu autor, sendo substantivamente inconclusivo quanto à alegada filiação maçónica de Salazar. Ainda que num ou noutro ponto se verifique, realmente, uma identificação da linguagem de Salazar com os princípios da Maçonaria.O que a História até hoje registou (publicamente) foi que Salazar sempre se comportou como um adversário daquela Augusta Ordem. Para que a História possa ser revista são necessárias provas inequívocas que não as conclusões extraídas por Costa Pimenta.Até lá...que seja trabalhada a pedra bruta.
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16.4.09

Excelente leitura de «Salazar o Maçon»

Uma leitura de "Salazar o maçon"

Para um leigo, ou profano na designação maçónica, o livro do Juiz José Costa Pimenta conceituado jurista com vasta bibliografia na área do Direito, é uma descoberta interessantíssima. Lê-lo é ficar a conhecer mais da doutrina da Maçonaria, seja a da Regular como a da Irregular, que vem até nós ao longo de séculos.
O tema do livro, porque é António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros durante quase toda a II República, ou Estado Novo, tem feito tremer as paredes do Templo e as muralhas atrás das quais se refugiam os seus últimos seguidores, passados que foram 39 anos da sua morte. Para os maçons e para os salazaristas este livro é provocatório e incomodativo. Põe em causa princípios e valores, atinge homens que, ao lado de Salazar, também ele um “traidor”, aparentemente traíram a sua obediência, atinge a figura do ditador que, aparentemente, teria traído todos os seus ultra – conservadores seguidores e aliados monárquicos, republicanos e tutti quanti.
O método de prova para a identificação de Salazar com a Maçonaria – para além da verificação de que muito cedo deixou de frequentar os sacramentos da Igreja Católica em que foi educado, certamente porque aderira à "religião natural", (curiosa a explicação dada pela governanta D. Maria a uma afilhada, de que o Papa o teria dispensado de se confessar e comungar…) – é o de tomar palavras –chave da doutrina maçónica e de as “encontrar” nos escritos de Salazar, principalmente nos seus discursos. A verdade é que, usadas exactamente na mesma acepção, elas parecem revelar uma filiação na doutrina da Maçonaria. Si non è vero…
Lendo este livro, eu que não sou maçon nem muito menos salazarista, não fico perturbado. Ao contrário, fico a perceber melhor o pensamento político do autocrata de Santa Comba Dão, muitas das suas acções, muito das suas ambiguidades, das suas simpatias e antipatias políticas.E, no fundo, apesar dos atropelos à doutrina e prática maçónicas, Salazar até, ao construir um regime à sua exacta medida e das suas ambições de poder pessoal, inscreveu na Constituição de 1933 as liberdades formais (que depois suspendeu com outras normas) e o Estado Novo era uma democracia, embora orgânica…
Afirma-se por aí que foi iniciado na Loja Revolta nº 336, em Coimbra, em 1914, proposto pelo seu amigo maçon, Bissaya Barreto. E que escolheu o nome de código de Pombal. Afirma-se, também, que teria dito que gostaria de ser primeiro –ministro de um rei absoluto. Tal como o marquês de Pombal que, sendo maçon, não deixou de ser um déspota "iluminado".
Sabido que a Maçonaria está onde está o poder, porque não acreditar que Salazar foi maçon? Eu, que sou profano, fiquei a acreditar.

14.4.09

... um saborzinho a caipirinha...


«Escrevo sentado numa mesa daquele barraco inqualificável onde,
certo dia, Raymond Aron teve a coragem de beber uma caipirinha
com Nelson Rodrigues. Ali estavam, a secura e a vibração, lado
a lado, bebendo um copo. A conversa entre os dois não correu
bem. Consta que Aron não gostava de caipirinhas. E Nelson, ao
sair, disparou várias vezes um aforismo que só ele tinha permissão
para disparar: «todo o “franciú” é meio besta». A conversa, apesar
de falhada, ficou-me. Ficou-me a latejar. É certo que só ouvi ruídos,
e uns ecos, mas desde então tenho sido um Janus esquizofrénico.
Escrevo com duas caras: uma apontada aos ecos do anjo pornográfico,
a outra vidrada no ruído do Tocqueville que tramou Sartre.»
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13.4.09

A caipirinha já dá que pensar

Para se ser amigo de alguém, é preciso admirá-lo. É o que me acontece com o Henrique Raposo, o meu amigo liberal triste. Alguns dos textos deste "a caipirinha de Aron" - um grande título de um grande autor - foram escritos para a revista Atlântico. Estou com imensa curiosidade de os reler.
O Henrique ainda vai mais longe.


Paulo Pinto Mascarenhas
In: http://abcdoppm.blogs.sapo.pt/133943.html
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9.4.09

Ei-lo!








«Há aqui estilo como o estilo deve ser: resultado de trabalho, e não de pose. Há aqui ideias como as ideias têm de ser: produto de estudo e reflexão, e não de preconceitos. Sobre o regime em que vivemos ou sobre o mundo em que habitamos, não temos muita gente a escrever de uma maneira tão elegante e tão profunda como Henrique Raposo.»


Rui Ramos

7.4.09

Uma aposta da Bertrand... A FIXAR!



Próxima novidade
da não-ficção
nacional da Bertrand
...

Quem é ele?

6.4.09

«O Estado Novo é o auge do Estado Maçónico»

Costa Pimenta publica tese em que estudante Salazar troca a Igreja Católica pela Maçonaria

ELMANO MADAIL, MADAIL@JN.PT

Magistrado e investigador da Universidade de Lisboa, Costa Pimenta defende, aos 53 anos, que António Oliveira Salazar era membro da Maçonaria, tal como quase todas as figuras de relevo do Estado Novo. Para isso, analisou vasta documentação, recorrendo à prova pericial ou científica, para produzir um livro que coloca em questão muitos dos mitos criados em torno da figura de Salazar.
A Maçonaria integra muitas teorias da conspiração. Como poderia definir-se tal organização? Quais os seus propósitos, e quando é que se instalou em Portugal?
Vale a pena citar um eminente historiador português e poderoso maçon, o Prof. Oliveira Marques: "A Maçonaria de qualquer país acha-se organizada como um Estado dentro do Estado. Tem a sua Constituição, a sua lei penal, o seu código de costumes, as suas finanças, a sua lei internacional até". Note-se que nada disto se situa no domínio das teorias da conspiração; na verdade, a Maçonaria faz parte da estrutura interna dos Estados modernos. Especificamente quanto a Portugal, escreve o mesmo Oliveira Marques: "Estudar a Maçonaria do nosso país é o mesmo que estudar a História de Portugal, pelo menos a partir de 1817". Muitos países foram, aliás, fundados por maçons. O caso mais flagrante é o dos EUA.
Há várias noções de "Maçonaria", sendo aquela que eu forneço no livro a seguinte: "A Maçonaria é um sistema militar universal de ensino e de governo do Homem pelo Homem, que tem por base a doutrina de Deus, Pátria e Família". Quanto aos propósitos da Maçonaria, o preâmbulo da Constituição de Berlim, que institui a Alta Maçonaria ou Maçonaria dos Altos Graus, afirma que esta "sociedade tem por objecto a união, a felicidade, o progresso e o bem-estar da família humana". Em Portugal, são conhecidas agremiações maçónicas desde finais do século XVIII, mas há quem afirme convictamente que o próprio país foi fundado pela Maçonaria, sendo o rei D. Afonso Henriques maçon templário.
A mitologia nacional inscreve Salazar como devoto a Deus e à Igreja Católica, tendo por amigo íntimo o cardeal Cerejeira. Ora, a dupla pertença - à Igreja e à Maçonaria - não é uma impossibilidade?
Não. A História regista casos de dupla pertença. Pelo que se tem observado, até se pode ser cardeal ou papa e maçon - o papa Pio IX era católico e maçon. Cá em Portugal, o cardeal Saraiva era católico e maçon - até chegou a Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano. Actualmente, no Brasil, há sacerdotes católicos que, ao mesmo tempo, são maçons e até veneráveis (presidentes) de lojas maçónicas.
Admitindo que Salazar tenha sido maçon, quando é que ocorreu esse afastamento e porquê? Como é que Salazar poderia ter integrado uma organização que acolheu dos mais fervorosos republicanos e ferozes opositores ao Estado Novo?
Esse afastamento de Salazar relativamente a "Roma" deu-se em 1914, tinha ele 25 anos. Desde então Salazar jamais se confessou ou comungou. Salazar tornou-se maçon cerca de 20 antes do advento do Estado Novo, com cuja existência então ninguém sonhava. O Estado Novo, corporativo, é o Estado maçónico no seu auge. Todos os presidentes da República, todos os presidentes da Assembleia Nacional, todos os comandantes militares, todos os procuradores-gerais da República, todos os presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, todos os presidentes do Supremo Tribunal Administrativos, todos os presidentes do Tribunal da Relação, todos os governadores civis, todos os directores das polícias, todos os directores da RTP eram maçons. A História não regista a prisão de nenhum opositor do Estado Novo por ser maçon. Claro que havia opositores de Salazar que eram maçons, sendo o mais conhecido o General Humberto Delgado. Mas isso não tem nada de extraordinário, pois dentro das lojas maçónicas não há sempre unanimidade.
Quando é que Salazar aderiu à maçonaria e a que Loja? Quem é que o convidou - visto tratar-se de uma organização secreta em que se ingressa apenas por convite?
Há provas circunstanciais, mas não decisivas, do seguinte: Salazar foi iniciado maçon na Loja Revolta n.º 336, em Coimbra, em 1914, no fim do seu curso de Direito, tendo adoptado o nome simbólico de Pombal. A Loja Revolta, onde se iniciaria também, por exemplo, Vitorino Nemésio, fora fundada por Bissaya Barreto, em 1909, e foi a convite dele que Salazar lá foi iniciado. Sem qualquer surpresa, a Loja maçónica Revolta jamais "abateu colunas" (nunca fechou), tendo continuado a sua actividade, serena e ininterruptamente, sem inquietação alguma, durante todo o período da Ditadura e do Estado Novo até hoje. Não parece que Salazar tenha sido iniciado na loja maçónica, composta por professores da Faculdade de Direito de Coimbra e que, desde 1850, governa aquela instituição.
Sustenta a tese de que Salazar era maçon na exegése dos discursos de Salazar e comparando-os com a literatura maçónica, entre outra documentação. Todavia, não será um exercício demasiado especulativo e assente em provas circunstanciais, inferências e deduções?
Em primeiro lugar, a tese de que Salazar era maçon não é a descoberta da pólvora. Já em 2006 Brasilino Godinho tinha colocado a questão "Salazar era maçon?". É-me indiferente que Salazar seja ou não maçon. Comentários, críticas e sugestões à tese sustentada no livro são bem-vindos e aguardo mesmo se estabeleça um amplo contraditório. Não sou dono da verdade. Porém as provas a favor da tese de que Salazar era, de facto, são muito fortes. Na verdade, há vários tipos de prova admitidos nos tribunais: prova por declarações do próprio - que pode ser uma confissão -, prova testemunhal, prova por acareação, prova por reconhecimento, prova por reconstituição do facto, prova pericial e prova documental. Naturalmente, qualquer meio de prova é falível. Por exemplo, a prova documental está sujeita à alegação de que os documentos são falsos. Ora o livro recorre à prova pericial ou científica, a mais segura de todas. Mas não se trata de prova circunstancial ou indirecta. Não. É prova lógico-científica directa, com recurso a maquinaria pesada.
Tanto a Maçonaria, como a Igreja e Salazar suscitam paixões intensas. Qual foi o intuito de publicar tese tão icononoclasta, que questiona muitas das certezas inculcadas no imaginário nacional?
O livro não pretende interferir no direito de pessoas e de organizações se constituírem admiradores ou detractores de Salazar e da sua obra. É apenas um trabalho académico. Verdadeiramente, a tese defendida em Salazar, o Maçon é a da necessidade de cada um pensar pela própria cabeça e de não dar por definitivamente verdadeiras determinadas afirmações só porque são repetidas vezes sem conta ou só em virtude da pessoa que as faz. Circulam muitas inverdades ditas por professores, cientistas, magistrados e outros. O livro destina-se a chamar a atenção para a necessidade de se fazer um teste ao que nos é dito, porque pode não ser verdade.
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Salazar e a Maçonaria

«Apareceu na passada semana na revista Visão uma reportagem/notícia, que também pode ser visto num blog da Bertrand (a editora do livro), sobre um livro intitulado Salazar, o Maçon. A tese defendida no livro, como o título do mesmo indica, é que Salazar era Maçon.
Estou curioso com o livro e tenho a intenção de o adquirir, já que estou extremamente curioso de saber como defende o livro esta tese num tempo e com um chefe de estado (supostamente Maçon) que permite isto:
"Lei n.º 1901, de 21 de Maio de 1935. Todos os funcionários públicos eram obrigados a assinar uma declaração rejeitando a Maçonaria e garantindo não serem membros dela, antes de poderem tomar posse nos seus cargos. A sede do Grande Oriente Lusitano (o Grémio Lusitano), foi confiscada e encerrada sendo entregue à Legião Portuguesa que nela instalou a sua sede." in: Wikipedia

In: http://lojadeideias.blogspot.com/2009/03/salazar-e-maconaria.html
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Sobre os nossos autores na blogosfera

João Gonçalves é a alma do blogue Portugal dos Pequeninos (portugaldospequeninos.blogspot.com), no topo dos mais visitados e citados pelos seus pares. Entrou “nisto” em Junho de 2003, a título de mera curiosidade, depois de se ter apercebido da existência do Abrupto. Só mais tarde verificou que já navegavam verdadeiras “esquadras” blogosféricas como, por exemplo, A Coluna Infame (“falecida” em 2003). Gonçalves prefere “a iconoclastia solitária” e admite que a blogosfera tenha alguma influência “silenciosa”. “Tem-na certamente na ajuda a compor a ‘agenda’ dos media tradicionais, mas nada que se compare aos países onde ela é uma referência. Aqui, tudo é muito pequenino. Até os blogues. Todavia, pressente-se que há alguma atenção dirigida à blogosfera. De tal forma que o próprio poder se socorre dela, por interpostos "anónimos" com ou sem nome, para os devidos efeitos (ou contra-efeitos)”, diz. Para Gonçalves, o blogue é um instrumento de liberdade para “tentar perceber” e não exactamente um “diário” onde se alivia ou pratica “teorias da conspiração”. Quanto ao estatuto dos bloggers, “basta ler os jornais e uma ou outra televisão para constatar a transposição de bloggers para a vida pública embora a inversa seja mais vulgar”.
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