«Sem medo da polémica, Henrique Raposo, investigador e colunista do Expresso, aponta cinco "ensaios falaciosos" publicados emPortugal.
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A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos, Karl Popper.
A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos, Karl Popper.
Editorial Fragmentos.
Este livro revela que Popper é medíocre como pensador político. A ideia de que Platão foi o primeiro colectivista totalitário é simplesmente disparatada.
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A Raiva e o Orgulho, Oriana Fallaci.
Difel.
É o exemplo máximo da histeria anti-islâmica. Fallaci respondeu à diabolização do Ocidente – feita pelos islamistas – comuma diabolização do Islão.
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A Marioneta e o Anão –O Cristianismo entre Perversão e Subversão, Slavoj Zizek.
Relógio d’Água.
Já tínhamos stand-up comedy. Agora temos stand-up philosophy. E Zizek é o bobo-mor desta corte pós-moderna. Neste circo opinativo semcritérios, a obscuridade cómica de Zizek é transformada emsofisticação intelectual. Em A Marioneta e o Anão – uma suposta reflexão sobre o cristianismo – vemos Zizek a brincar comovos Kinder. Mais: Zizek "analisa" os ovos Kinder através de citações dispersas de Hegel, Lacan, Marx, entre outros. Tudo se resume a um name-dropping sem sentido, que acaba por ser uma manifestação de humor involuntário. Ou talvez não. O raciocínio de Zizek é tão mau que, num acto de piedade, podemos considerar o seguinte: os textos de Zizek são propositadamente maus; porventura, Zizek está mesmo a fazer humor de forma consciente.
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Orientalismo, Edward Said.
Cotovia
Orientalismo codificou o "politicamente correcto" (a alcunha da esquerda desde os anos 70). Resumindo, Said afirmou que o "ocidental" não pode criticar o "outro", porque qualquer crítica ocidental estará sempre contaminada pelas relações de poder (Ocidente forte versus "Outro" fraco). Aquilo que escapou a Said é o seguinte: a verdade não depende do poder. Aliás, o pensamento livre depende da separação entre as variáveis verdade e poder. Ao fundir as duas, Said inventou a Nova Esquerda,mas tambéminventou uma falácia epistemológica. Uma cultura fraca pode não ter razão perante uma cultura forte, isto é, o poder estrutural de X não determina a legitimidade moral de X.
Um só Mundo – A Ética da Globalização, Peter Singer.
Gradiva
Peter Singer defende uma ética para uma comunidade mundial. Ora, na realidade internacional,
não existe essa comunidade mundial de indivíduos sonhada por Singer. Mas a realidade nunca interessou a idealistas como Singer. Se temos a virtude do nosso lado, por que razão devemos
perder tempo comos factos?»
Peter Singer defende uma ética para uma comunidade mundial. Ora, na realidade internacional,
não existe essa comunidade mundial de indivíduos sonhada por Singer. Mas a realidade nunca interessou a idealistas como Singer. Se temos a virtude do nosso lado, por que razão devemos
perder tempo comos factos?»
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In: Revista Ler, Maio 2009
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